quarta-feira, 27 de maio de 2015

De regresso!


Amanhã retomam-se rotinas.
Volto aos treinos à beira Tejo, à plataforma da ASICS que deixei para trás durante duas semanas, e à companhia da Ana, com quem não preciso falar a correr. Uma benção.
Sei que o regresso à corrida vai ser duro, mas não consegui gerir duas frentes ao mesmo tempo. Não fui capaz de continuar determinada nos treinos, e de levar a cabo aquele que foi um dos maiores desafios dos últimos tempos.
Adiar o compromisso que fiz comigo própria foi mais difícil que correr 20km. Ver os dias a passar e descomprometer-me com a corrida, foi muitas vezes frustrante. Mas foi, também, um exercício de humildade. 
Há momentos na vida em que temos de saber largar, deixar coisas para trás e seguir com o que tem de ser feito.
Fiz o que tinha de ser feito e sinto-me a mulher mais feliz do mundo.
Amanhã retomo o asfalto.

Marta

domingo, 17 de maio de 2015

Preciso da vossa ajuda!

Alguém pode dizer ao meu homem que para ter um blogue de corrida não basta correr, é também preciso escrever?
Obrigada.

[comentários motivadores ao ultra-maratonista cá de casa agradecem-se, já que santos da casa não fazem milagres]


Marta

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Aprender a ouvir o corpo



Há dias em que não tenho mesmo vontade nenhuma de correr. Dias em que o corpo pede descanso, e em que me sinto incapaz de manter aquela força anímica que preciso para percorrer os quilómetros que me cabem em cada treino.
Hoje tento vencer esta paralisia que sinto, esta espécie de preguiça que permanece em cada célula do meu corpo. Digo a mim própria que sou capaz e que se começar a abrir muitas excepções, desmotivo de vez. Repito que é só difícil começar, e que depois a coisa avança com algum prazer. Digo e repito, vezes sem conta, que a felicidade que sinto no final de um treino é melhor que muitas horas de terapia. Digo e repito. Digo e repito. 
Mas depois lembro-me que tive uma crise de vesícula há um dia atrás, e que quase me desfiz em vómito. E que hoje, o corpo pede mesmo descanso.
Amanhã é outro dia, caramba.


Marta

terça-feira, 12 de maio de 2015

O que nunca podes dizer quando corremos juntos!


De todas as pessoas com quem já corri lado a lado, és aquela que mais me irrita. Não leves isto a peito, meu amor, mas a zona de conforto que tenho contigo permite-me mostrar-te todas as minhas fraquezas durante os treinos. É um bocadinho como as crianças, que só se portam mal com os pais presentes, e que com desconhecidos são uns doces de meninos. Sou assim contigo, a correr. Uma menina mimada.
Claro que gosto quando puxas por mim, quando me dizes vezes sem conta que sou capaz, que tenho evoluído muito, que sou espectacular. Uma espectacularidade que só os teus olhos vêem, porque continuo de gatas depois de um treino de 5km, tanto como de um treino de 15km.
Gosto dos elogios, claro que sim, e sinto-me no topo do mundo com eles. Mas há pequenos detalhes que me tiram do sério e que se os escrever, talvez consigas percebê-los sem correr o risco de ser interrompida, a saber:
- Irrita-me que tagareles enquanto corremos juntos, porque da minha boca só saem esgares de sofrimento. Falas do tempo, do que vamos comer a seguir, dos ténis maravilhosos que tens nos pés, do periquito e do papagaio e eu ouço-te num monólogo ensurdecedor, uma ladainha que começa a zunir aos meus ouvidos e que só quero que acabe. A tua boa disposição dá conta de mim, quando eu só quero vomitar. Pronto, já disse;
- Chateia-me que comeces a gritar instruções de comando, tipo "bora!!", "vá, vamos lá!", "tu és capaz, a tua cabeça é que manda no teu corpo!" e mais pérolas do género. Para começar, a minha cabeça ainda não manda no meu corpo no que toca à corrida. E sou alérgica ao tom de comando, seria uma péssima recruta. O mimo que tenho neste corpo dá-me para fazer exactamente o contrário: sentar-me à sombra da bananeira e chorar;
- Enerva-me que me perguntes porque estou a chorar, quando até a borboleta conhece as razões. Tenho falta de ar e uma vontade louca de gritar impropérios, mas nem a voz me sai. Enquanto isso, perguntas-me porque choro. Choro de irritação, de frustração comigo própria e de não ter, sequer, forças para gritar contigo;
- Maça-me o teu ar fresco e solto quando acabamos um treino juntos. Eu estou literalmente de língua de fora e tu estás capaz de fazer uma pega de caras.

Fora isto, adoro correr contigo. E adoro-te.


Marta

quinta-feira, 7 de maio de 2015

O que nos espera...


Domingo tenho que correr 14km e o meu homem, 18km.
Estamos a treinar para a ultra-maratona Badwater, mas ainda ninguém sabe.

Marta

terça-feira, 5 de maio de 2015

Aos meus Companheiros de Armas



Foto: Nuno Malcata | Correr na Cidade
Escrevo este post a propósito da participação de alguns membros da crew Correr na Cidade no GTA – Gerês Trail Adventure, que terminou há dois dias atrás, e da semi-desilusão sentida por estes elementos, por não terem conseguido terminar a etapa rainha de 60 km, dentro do tempo limite (por sinal, corrida em péssimas condições meteorológicas, para não mencionar o grau de dificuldade das condições e desafios que o Gerês oferece para a prática do trail). Recordo que este evento é constituído por quatro etapas sequenciais de 17, 35, 60 e 15 km, num total de 130 km corridos em dias seguidos. Está bom de ver que isto não é para qualquer um. (Se quiserem conhecer um pouco mais sobre a prova, podem consultar aqui.)
Tenho pensado nesta vossa aventura (que, acredito, um dia também será minha), e gostava de vos deixar aqui a minha singela homenagem. Sei que gostariam de ter ido mais além e de fazer melhor. Sei o quanto treinaram para o evento – estive lá, em muitos dos treinos. Sei o que investiram, o que suaram e o esforço que investiram nesta empresa.
A cada um de vós: ao Malcata, com a sua eterna disponibilidade para partilhar o seu conhecimento e para ajudar os outros e o seu enorme entusiasmo pela corrida; ao Tiago que tudo suporta com a sua habitual boa disposição e energia positiva contagiante; à Bo, pelo seu constante sorriso nos trilhos, palavras amigas de encorajamento e preocupação para com os seus…
Amigos, não fiquem desiludidos, pois só o facto de encararem esta aventura como o fizeram, deve constituir motivo para grande orgulho. Afastem essa tristeza, ergam o queixo e sintam-se orgulhosos pelo que fizeram no GTA. Mas, sobretudo, pelo que fizeram antes do GTA, e por tudo o quanto ainda está para vir. Vocês os três são ultratraillers por direito próprio! E isto é algo especial, que ninguém, alguma vez, vos poderá tirar.
Por tudo isto, quero dizer que vos respeito muito!
Muitos mais desafios ainda se perfilam ainda no horizonte, meus amigos!
Mas o Correr na Cidade vai muito para além destes três elementos. Há muito mais gente - boa gente! – que admiro e respeito e que têm atingido feitos os quais, até há bem pouco tempo atrás, consideraria como quase impossíveis ou apenas passíveis de figurarem num qualquer livro autobiográfico do Karnases ou do Kilian.
Ao Filipe, que correu a quase totalidade dos 53 km do Piódão com dores lancinantes num joelho, em Março, e que luta, ainda hoje, para voltar aos trilhos com o pessoal. Eu sei o quanto está a ser duro e por isso o considero um verdadeiro herói. (Segue em frente, Filipe, resoluto!)
Ao Pedro Luís e ao Stefan que… Bem, estes são de outro campeonato! Para rookies, como eu, eles são enormes, são uns extra-terrestres, são super-homens do trail! E um exemplo a seguir.
Ao Espadinha, pela disponibilidade, pela amizade e pela boa onda. Mas não se iludam com o aspecto plácido e com as maneiras educadas e corteses, pois ele já foi apelidado de ‘força da natureza’!
Ao João, ao Bruno, e a todos os outros, pelo companheirismo e pelo Espírito de Corpo que formam nesta vossa Unidade que é o Correr na Cidade, que alimentam com carinho e defendem com unhas e dentes.
E as Meninas?... Bem, as Meninas que correm que se fartam e a quem não poderia faltar uma palavra de reconhecimento… À Natalia, à Ana, à Carmo, à Joana, à Liliana… Acreditem que vocês são, também, um exemplo para muitas mulheres. Um exemplo de força, de vontade, de resiliência. Cada uma à sua maneira, são umas lutadoras. Respect!
Mas claro que nenhum deles poderia fazer nada disto, se não tivesse uma retaguarda de apoio que lhes permitisse estas veleidades. À dita, também, o meu reconhecimento – às mulheres e a alguns homens que seguram as pontas lá em casa, quando os seus companheiros saem para correr. Eu sei o quão importante isto é, e se eu próprio e a Marta não nos apoiássemos mutuamente nestas andanças, tudo seria muito mais difícil, senão impossível.
Portanto e regressando ao início, a todos vós, Correr na Cidade: Vocês são um exemplo, um modelo e um orgulho. Orgulho-me de partilhar algumas aventuras convosco e quero deixar-vos um sentido agradecimento por me terem acolhido e me permitirem fazer parte da vossa família. É, deveras, um orgulho! Por tudo o muito que já passámos, considero-vos mesmo como uma espécie de Companheiros de Armas!
Rui

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Se corremos juntos?



Não costumamos correr juntos, embora já o tenhamos feito, numa espécie de acto de solidariedade dele e de comiseração minha.
O Rui corre, eu arrasto-me, e acho que isto diz muito sobre nós.
Ainda assim, há dias {e noites}, em que corremos juntos. Ou por outra, em que saímos de casa juntos para correr, e em que cada um segue o seu caminho e o seu ritmo, para nos encontrarmos à chegada, junto ao carro ou à porta de casa.
Perguntam-nos se o facto de ambos corrermos ameniza tensões entre nós. Respondo que previne muitas, pelo menos, já que é só porque também corro, que entendo a frustração do meu homem quando tinha planeado fazê-lo e não pode, quando treina dois e três dias seguidos, e quando se enfia numa carapaça depois de uma prova mais dura, de onde só sai umas longas horas depois.
Também é pelo facto do Rui correr, que percebe o tempo infinito que às vezes perco a treinar, porque quaisquer 7km demoram-me tempo. Não sou uma corredora natural. Não sou leve como uma pluma, nem ligeira como uma gazela. Respiro mal e porcamente e dou comigo a pensar racionalmente no acto de inspirar e expirar, como se estivesse a parir, tarefa em que já sou profissional, visto que sou mãe de três. 
Ainda assim, não desisto, embora me apeteça fazê-lo muitas vezes enquanto corro. E tento poupar o meu homem ao suplício de acompanhar o meu ritmo alucinante. Temo que mais facilmente faça um entorse ao meu lado, que numa ultra-maratona.

Se corremos junto? Raramente. Mas nunca subestimem o poder de uma mulher focada. Qualquer dia, passo-vos a todos :).

Marta



domingo, 3 de maio de 2015

Correr [no Dia da Mãe]

Hoje nunca seria dia para correr, não fosse eu obstinada com os desafios que vou traçando para mim própria.
Mãe, estes 10,50km são teus. Porque sou mais parecida contigo do que julgas.
Adoro-te.

Marta